UMA MULHER DE ORAÇÃO

Minha foto
RIO DE JANEIRO, RJ, Brazil

sexta-feira, 29 de junho de 2012

SALMO 8 – A REVELAÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS

Estudando Salmos 8


SALMO 8 – A REVELAÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS

O Salmo 8 é tanto um salmo de louvor como de adoração. Davi começa esse salmo com uma invocação ao nome de Deus: “Ó SENHOR, Senhor nosso!” No idioma português, parece uma repetição enfática; mas no original, as palavras são Yahweh e Adonay. Yahweh é o nome de Deus mais encontrado na Bíblia e significa “o Eterno, Aquele que Existe por Si Mesmo”. Adonay significa Senhor, Soberano, e é igualmente aplicado a Deus.

Portanto, Davi está dizendo: “Ó Eterno, Senhor nosso!” O significado é que o salmista reconhece a Deus em Seu atributo mais exclusivo, como sendo o Eterno. Os deuses da antiguidade não reivindicavam esse atributo, por não passar pela imaginação dos idólatras e por não ser verdade, pois só o Deus de Israel pode ser dito como eterno. Sendo assim, somente Ele deve ser o nosso Senhor, o Governador do universo.

Como é o nome de Deus? “Quão magnífico em toda a Terra é o Teu nome!” Por que o nome de Deus é magnífico, grandioso? O salmista continua: “Pois expuseste nos céus a Tua majestade.” (v. 1). O nome é magnífico porque Ele Se expôs em toda a Sua majestade. O nome é a representação do próprio Ser da Divindade eterna! Onde é que vemos a maior demonstração da majestade de Deus? Em toda a Terra, e nos céus dos quais a Terra é uma minúscula parte, vemos a majestade do Rei do Universo.

Davi o louva e esclarece que até mesmo do mínimo Deus tira o Seu louvor: “Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador.” (v. 2). O nome majestoso de Deus será louvado até por crianças.

Estas palavras foram citadas por Cristo e se cumpriram com o louvor das crianças, quando os Seus inimigos estavam a ponto de matar o Seu Benfeitor! E queriam interromper o louvor dos pequenos, incomodando-se pelas glórias e aleluias proferidas por eles. Ele lhes disse: “Nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” e se calaram os Seus adversários!

Desde as estrelas de maior grandeza até uma frágil criança de peito – Ele será louvado! Desde as imensas galáxias até o menor dos cometas – Ele será louvado! Desde o macrocosmos até o microcosmos – Ele será louvado!

I – A GLÓRIA DE DEUS É REVELADA ASSOMBROSAMENTE ATRAVÉS DOS CÉUS (v. 3-4)

Davi está entusiasmado com uma visão: “Quando contemplo os Teus céus, obra dos Teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste...”. A admiração vem pela contemplação. Há muitas pessoas que não admiram o grande poder do Criador porque não tem o hábito de contemplar os céus. Mas o salmista tinha o costume de olhar para os céus e ver um pouco de sua imensidão e glória. Naquele tempo não havia poluição que pudesse ocultar as belezas dos céus; não havia luz elétrica na cidade, e isso tornava mais nítida a escuridão da noite e as estrelas mais brilhantes. E ele, então, ficava deslumbrado e não podia deixar de ver a glória de Deus que criou todas estas coisas com as Suas próprias mãos.

O que acontece quando contemplamos os céus?

1 – Não podemos deixar de nos assombrar. No tempo de Davi, os astrônomos da Grécia ensinavam que não havia mais de 1.002 estrelas no Universo. Pouco mais de três séculos mais tarde um rei e astrônomo egípcio, Ptolomeu (323-285 a. C.), contou 3.012 estrelas. As estrelas haviam então pelo menos “triplicado”! Ao fim do sexto século de nossa era os astrônomos das grandes universidades da Europa consideravam que havia 7.000 estrelas.

Mas quando Galileu esboçou seu primeiro telescópio em 1609, ele pôde contar 100.000 estrelas. Poucos anos mais tarde ele fabricou um novo telescópio de duas e meia polegadas e eis que 300.000 estrelas apareceram no céu ante o seu olhar espantado! Mas hoje o grande telescópio de 200 polegadas (5 metros de diâmetro) do Monte Palomar na Califórnia demonstra que há estrelas aos bilhões pelo Universo! Através desse potente telescópio, pôde se contemplar a galáxia Andrômeda a uma distância de 2,5 milhões de anos-luz, considerando-se que um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano, à velocidade de 300.000 km por segundo! [1 ano-luz = 9,5 trilhões de km].

Consideremos a galáxia da qual nosso sistema solar é uma parte: a galáxia chamada Via Láctea. De acordo com um cálculo de Newton, em sua fórmula (p2 = (4Π2/GM) a3), somente a nossa galáxia possui 200 bilhões de estrelas semelhantes ao sol, com trilhões de planetas e corpos celestes. Ela mede 100.000 anos-luz de diâmetro. Portanto, se pudéssemos viajar em toda a extensão da Via Láctea com a velocidade da luz, levaríamos pelo menos 300.000 anos viajando. E, se quiséssemos visitar a galáxia mais próxima da terra, à galáxia Andrômeda, teríamos de viajar por 2,5 milhões de anos, na velocidade da luz. Tudo isso indica a grandeza da nossa insignificância. Tudo isso indica a majestade do grande Criador!

(Galáxia Andrômeda: 2,5 milhões de anos-luz de distância de nossa galáxia. Fonte:

Ora, os astrônomos descobriram cerca de 200 milhões de outras galáxias semelhantes à nossa, cada uma com seus milhões de estrelas e planetas. Uma dessas galáxias é cerca de 50 vezes maior que a nossa. Há estrelas fotografadas que estão a 9 milhões de anos-luz de distância! Mas isto nos dá apenas uma pálida idéia do tamanho infinito do Universo. Davi, que não podia conhecer as descobertas científicas atuais, ficou deslumbrado diante do espetáculo que podia contemplar a olho nu. Entretanto, nós outros podemos nos surpreender muito mais ao contemplar, por um telescópio ou assistindo a um Planetário, uma parte impressionante da imensidão do universo. Com efeito, não podemos deixar de nos assombrar!

2 – Não podemos deixar de adorar. Quando contemplamos a lua e as estrelas à noite, quando contemplamos os céus em toda a sua beleza, não podemos deixar de glorificar ao Criador.

Voltaire, filósofo francês, era um incrédulo agnóstico. Voltaire foi um homem que dedicou a sua vida inteira para pregar contra a Bíblia e dizer que esta religião da Bíblia seria completamente descartada em 50 anos. Voltaire, no entanto, estava numa noite estrelada olhando para os céus, e ele escreveu estas palavras: "Eu estava contemplando este maravilhoso espetáculo, eu estava embevecido;" e ele continua: "é preciso ser cego para não ver esta majestade, é preciso ser estúpido para não reconhecer o seu Autor, é preciso ser louco para não adorá-lO." Voltaire era um ateu, mas, quando contemplou os céus, teve de reconhecer a sua própria loucura: "É preciso ser louco para não adorá-lO!"

3 – Não podemos deixar de nos humilhar. O salmista, depois de contemplar a exuberância e glória de Deus nos céus, disse: “Que é o homem, que dele te lembres e o filho do homem, que o visites?” Depois de contemplarmos os céus, em toda a sua glória, não podemos deixar de ver ao mesmo tempo a nossa pequenez e insignificância! É muita bondade e condescendência do Deus Criador ainda Se importar com o homem a ponto de Se lembrar dele e visitá-lo.

A pergunta: “Que é o homem?” exige a resposta lógica: “O homem não é nada, diante de tanto fulgor celeste, diante da glória de um Deus majestoso e onipotente, que criou tanta imensidão!” O profeta Isaías contemplava os céus como Davi e, depois de ver tanta majestade, disse: “Eis que as nações são consideradas por Ele como um pingo que cai de um balde e como um grão de pó na balança!” (Is 40:15). “Todas as nações são perante ele como coisa que não é nada; Ele as considera menos do que nada, como um vácuo.” (v. 17). “Eis que sois menos do que nada” (Isaías 41:24). Repito: astronômica, ou biblicamente, vemos em tudo a grandeza da nossa insignificância. Mas, vemos, também, o interesse de um Deus de amor em todos os detalhes de nossa vida.

A humilhação do homem diante de Deus é saudável, e deve ser mais praticada neste século de sofisticada arrogância. Não devemos nos humilhar diante de homens porque somos todos iguais em natureza e valor. Mas é virtuoso nos humilharmos diante de Deus. Disse o apóstolo Tiago: “Humilhai-vos na presença do Senhor.” (Tg 4:10). “Há necessidade de mudanças decididas. É tempo de humilharmos nosso coração orgulhoso e obstinado, e buscarmos ao Senhor enquanto Ele pode ser achado. Como povo precisamos humilhar nosso coração diante de Deus; pois as cicatrizes de nossa incoerência estão em nossa prática.” (E.G.White, CRA, 40).

“Que é o homem?” perguntava o salmista Davi. Mesmo não sendo nada, ou se pode haver algo menos do que nada, assim ele é. Esta pergunta deveria ser mais frequentemente posta diante de nós: “Que é o homem? Quem somos nós?” Frágeis pecadores, adornados com uma natureza pecaminosa, cheios de orgulho e egoísmo, que são os fundamentos de todo o pecado.

A idéia básica é a bondade e o amor condescendentes de Deus para com o homem. Que Deus, que fez os céus e derramou Sua glória sobre eles, devesse ter tanta consideração pelo homem, a ponto de lembrar-se dele, e visitá-lo, é um pensamento impressionante, estarrecedor, até!

II – A GLÓRIA DE DEUS É REVELADA MAIS AMPLAMENTE ATRAVÉS DO HOMEM (v. 5)

Mas o salmista também vê a glória de Deus através do próprio homem. Ele continua dizendo: “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.   Deste-lhe domínio sobre as obras da Tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares.”

1 – O homem foi criado à imagem divina. Deus revelou a Sua glória no homem que foi criado à Sua própria imagem e semelhança. Adão foi criado perfeito, recebendo de Seu Criador as glórias de Sua imagem, do Seu caráter, formado com as faculdades físicas, mentais e espirituais, em processo de desenvolvimento e perfeita harmonia. Este é um pensamento estarrecedor: Como pôde o Deus Todo-Poderoso, o Criador de milhões de galáxias e de mundos e estrelas sem conta, honrar tanto o homem que o criou à Sua imagem?

2 – O homem foi criado com uma distinção divina: “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus”. Os anjos têm a sua própria glória; entretanto, só o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Não sabemos nada sobre as limitações dos anjos, além do fato de que Deus vê imperfeições neles (Jó 4:18). Mas a coisa mais impressionante é que o homem foi “por um pouco, menor do que Deus”. Esta é uma declaração exclusiva para o homem. Esta é uma afirmação tão bombástica que os 70 judeus que traduziram o Antigo Testamento para o grego trocaram a palavra “Deus” e a substituíram por “anjos”, como aparece na Septuaginta (LXX).

Eles julgaram que Davi tinha ido longe demais em sua declaração sobre o homem. Eles pensaram que seria mais próprio comparar o homem com os anjos. Entretanto, os homens podem ser co-criadores com Deus no processo da reprodução, o que não acontece com os anjos (Mt 22:30), razão por que o homem foi criado superior aos anjos, em poder de gerar outros seres à semelhança do mesmo Deus. Mas ainda no Céu, cessado o processo da reprodução, os homens serão considerados superiores aos anjos: “Aqueles que, na força de Cristo, vencem o grande inimigo de Deus e do homem ocuparão nas cortes celestiais uma posição superior à dos anjos que nunca caíram.” (E.G.White, MM 1992, Exaltai-O, p. 231). 

3 – O homem foi criado com capacidades divinas: Assim como Deus é o Rei do universo, o homem foi criado para dominar como rei da criação, sobre toda a terra e sobre todos os animais do campo, as aves dos céus e os peixes do mar. Ele é o único dentre os seres criados neste planeta que pode se comunicar com Deus através do seu espírito, no qual o Espírito Santo fala, deixando-lhe a convicção inabalável de que somos filhos de Deus. O homem foi criado para desenvolver as suas faculdades físicas, mentais e espirituais, galgando a perfeição.

III - A GLÓRIA DE DEUS É REVELADA MAIS PERFEITAMENTE ATRAVÉS DE CRISTO (Hb 2:7,9)

A maior revelação da glória de Deus não está nos céus; não está no homem. A maior revelação da glória de Deus está em Jesus Cristo. O apóstolo Paulo nos ensina isto em sua interpretação do salmo 8 que ele torna cristocêntrico, escrevendo aos Hebreus. Citando o salmo 8, disse em Heb 2:7: “Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste”.

Paulo está citando a Septuaginta que era a Escritura de que ele dispunha na época, que colocou a palavra “anjos” no lugar da palavra “Deus”. Essa passagem revelou um capricho dos judeus, querendo ser mais reverentes do que Davi, como eu disse antes. Mas foi nessa mesma passagem que Paulo por inspiração divina baseou a sua teologia da humilhação de Cristo para revelar a glória de Deus através dEle.

Como Paulo interpreta o salmo 8? Este salmo, para ele, tem um sentido muito mais amplo, porque era um salmo messiânico: não significava apenas uma descrição do homem, mas de Cristo. Assim ele se expressa: “Vemos, todavia, Aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem.” (Hb 2:9).

1 – Cristo foi feito menor do que os anjos. Ele não tinha a natureza de Adão antes do pecado, corpo forte, sem as fraquezas e enfermidades que nos são tão próprias. Ele assumiu a natureza humana, após 4.000 anos de fraqueza e degradação. Embora sem pecado e sem a natureza pecaminosa, Cristo foi considerado menor que os anjos por causa do Seu sofrimento. Mas isso foi apenas “por um pouco”.

2 – Cristo revelou a glória de Deus. Ele foi coroado de glória e honra para exercer o domínio do mundo por vir. Em Cristo, Deus revelou a Sua exuberante glória, em Sua vida perfeita, em Seu poder de curar, realizar milagres, e em Sua ressurreição e ascensão. Então, Ele assumiu o Seu lugar de honra e todos os anjos O receberam e O adoraram. Com isso Paulo prova que Jesus Cristo é superior aos anjos, e, portanto, sendo Deus, deve receber a nossa adoração e obediência.

3 – Cristo revelou a excelência da glória de Deus. Isso não está nos céus estelares, e muito menos no homem. Isto foi revelado em Cristo, na Cruz do Calvário. Lá é que foi revelada a excelência da glória de Deus. Na Cruz, vemos um Deus Se revelando em Seu caráter de amor pelo pecador e justiça ao punir o pecado em Seu próprio Filho! Este é o pensamento mais estarrecedor que encanta aos anjos e aos habitantes dos mundos do universo, e deveria nos encher de assombro e admiração!

É o nosso grande Deus, o Criador das 200 milhões de galáxias que Se inclina na mais abjeta humilhação da Cruz para salvar o pecador, a nós, a mim e a você que aqui está! A Cruz revela a glória do caráter de um Deus de amor e justiça de forma incontestável, faz calar os Seus inimigos e dá uma resposta satisfatória a todo o Universo!

CONCLUSÃO

O salmista termina o seu cântico de louvor e adoração exatamente como iniciou: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!” (Sl 8:9). Muitas vezes, no pensamento hebraico, os profetas apresentam o clímax, antes de qualquer outra idéia, o fim antes do princípio, o melhor colocado em primeiro lugar. Mas como o clímax é muito especial, Davi o repete, no fim, onde deve ser colocado.

Depois de estudarmos um salmo como este, não encontramos outras palavras mesmo senão as do próprio Davi, ao dizer: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a Terra é o Teu nome!” Quão digno de ser louvado e glorificado! Quão digno de ser lembrado e visitado em Sua igreja! Quão digno de ser amado, e servido em obediência e amor! Quão digno Ele é de ser ansiosamente esperado em Sua gloriosa vinda à Terra!

Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia

0 comentários:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.