O juiz é baixinho e nobre com olhos ligeiros e roupas caras. Seus cabelos grisalhos são aparados e seu rosto sem barba. Ele está apreensivo, nervoso por estar sendo empurrado para uma decisão que ele não pode evitar. Dois soldados o conduzem para baixo pelas escadas de pedra da fortaleza até o pátio principal. Os raios da luz do sol da manhã se estendem pelo chão de pedra.
Quando ele entra, os soldados sírios vestindo togas curtas erguem-se, levantam suas lanças e olham para frente. O chão no qual eles estão é um moisaco de pedras lisas, marrons e largas. No chão estão esculpidos os jogos que os soldados jogam enquanto esperam a sentença do prisioneiro.
Mas na presença do procurador eles não jogam.
Uma cadeira real é colocada em um patamar cinco passos acima do chão. O magistrado sobe e toma assento. O acusado é trazido à sala e colocado abaixo dele. Um grupo de líderes religiosos paramentados acompanha, vai para um lado da sala e para.
Pilatos olha para a figura solitária...
“Você é o rei dos judeus?”
Pela primeira vez Jesus levanta seus olhos. Ele não levanta sua cabeça, mas levanta seus olhos. Ele examina o procurador por baixo de sua sobrancelha. Pilatos fica surpreso com o tom da voz de Jesus.
“Essas são suas palavras”.
Antes que Pilatos consiga responder, o grupo de líderes judeus zomba do acusado ao lado do tribunal.
“Veja, ele não tem respeito”.
“Ele agita o povo!”
“Ele afirma ser rei!”
Pilatos não os ouve. Essas são suas palavras. Sem defesa. Sem explicação. Sem pânico. O Galileu está olhando novamente para o chão.
Alguma coisa nesse rabino rústico agrada Pilatos. Ele é diferente dos sanguinários que se aglomeram do lado de fora. Ele não é como os líderes com as barbas na altura do peito que em um minuto se vangloriam de um Deus soberano e no minuto seguinte imploram por impostos mais baixos. Seus olhos não são os olhos furiosos dos zelotes que são uma aflição à Pax Romana que ele tenta manter. Ele é diferente, este Messias do interior.
Pilatos quer deixar Cristo ir. Apenas me dê um motivo, ele pensa, quase em voz alta. Eu o libertarei.
Seus pensamentos são interrompidos por um tapinha no ombro. Um mensageiro se inclina e sussurra. Estranho. A esposa de Pilatos enviou uma mensagem para ele não se envolver no caso. Alguma coisa sobre um sonho que ela teve.
Pilatos volta para sua cadeira, senta e olha para Jesus. “Até os deuses estão do seu lado?” ele declara sem explicação.
Ele sentou nesta cadeira antes. É um assento dos dignitários romanos: azul cobalto com pernas grossas e ornamentadas. O assento tradicional de decisão. Sentando-se nele Pilatos transforma qualquer sala ou rua em um tribunal. É daqui que ele apresenta as decisões.
Quantas vezes ele sentou ali? Quantas histórias ele ouviu? Quantos apelos ele recebeu? Quantos olhos atentos olharam para ele, apelando por misericórdia, implorando por absolvição?
Mas os olhos deste Nazareno estão calmos, quietos. Eles não gritam. Eles não se movem rapidamente. Pilatos procura ansiedade neles... raiva. Ele não encontra. O que ele encontra faz com que ele se mexa de novo.
Ele não está com raiva de mim. Ele não está com medo... ele parece entender.
Pilatos está certo quanto a sua observação. Jesus não está com medo. Ele não está com raiva. Ele não está à beira do pânico. Pois ele não está surpreso. Jesus conhece sua hora e a hora chegou.
Pilatos está certo quanto a sua curiosidade. Onde, se Jesus é um líder, estão seus seguidores? O que, se ele é o Messias, ele pretende fazer? Por que, se ele é um mestre, os líderes religiosos estão com tanta raiva dele?
Pilatos também está certo quanto a sua pergunta. “Que farei então com Jesus, chamado Cristo?” (Mt. 27.22).
Talvez você, como Pilatos, esteja curioso sobre este chamado Jesus. Você, como Pilatos, esteja perplexo com suas afirmações e agitado com suas emoções.
O que você faz com um homem que se autodenomina o Salvador, mas condena os sistemas? O que você faz com um homem que sabe o lugar e a hora de sua morte, mas vai até lá assim mesmo?
A pergunta de Pilatos é a sua. “Que farei então com Jesus?”
Você tem duas escolhas.
Você pode rejeitá-lo. Essa é uma opção. Você pode, como muitos, chegar à conclusão de que a ideia de Deus tornar-se um carpinteiro é muito estranha - e sair.
Ou você pode aceitá-lo. Você pode fazer a jornada com ele. Você pode ouvir sua voz no meio de centenas de vozes e segui-lo.
0 comentários:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.