Estudo XII - ORAÇÕES PELA IGREJA: PAULO

"E, juntamente com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da Sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus." Efésios 2:6 e 7 ROMA, 62 d.C. O TIRANO NERO ESTÁ NO TRONO. O palácio está inquieto com vícios, intrigas e assassinato. Não longe dali está uma casa onde um prisioneiro se assenta, algemado a um guarda do palácio. Os amigos e as visitas vêm e vão, encorajando-o, ouvindo suas instruções, e levando suas cartas para os crentes de outras partes do império. Se fôssemos visitá-lo, poderíamos esperar ver um homem sentado na escuridão, pensando no destino, agonizante para saber se será executado ou libertado. Mas, ao contrário, ele está escrevendo para outros cristãos sobre o que significa estar vivo e feliz em Cristo. Ele está orando também para eles para que apliquem à própria vida a salvação de Cristo e Sua imensurável graça. Que tipo de experiência é esta? Como podemos aprender mais sobre ela? As orações de Paulo pela igreja em Efésios 1:15-23 e 3:14-20 explicarão. A Igreja – Real e Ideal - Efés. 1:1-14 Algumas pessoas pensam que a igreja cristã nos dias dos apóstolos era ideal. Na verdade, não era nada diferente de nossas igrejas de hoje. A igreja de Éfeso, por exemplo, tinha seus problemas. As cartas de Paulo a Timóteo indicam que a igreja abrigava falsos mestres, apóstatas, preguiçosos e intrometidos (I Tim. 1:6, 7 e 20;5:13). Ele advertiu os anciãos de Éfeso de que "lobos vorazes" se infiltrariam na igreja, arrastando os discípulos atrás deles (Atos 20:29 e 30). A igreja de Éfeso então extirpou a heresia com tanto vigor que se tornou uma congregação sem amor (Apoc. 2:1, 2, 4 e 6). Essas experiências são típicas de uma igreja real. Em sua carta aos Efésios, porém, Paulo mostra uma visão da igreja ideal que nos surpreende. Quais eram as circunstâncias de Paulo quando escreveu a carta aos Efésios? Atos 28:16, 30 e 31; Efés. 3:1; 6:19 e 20 Depois de ser preso e mantido em custódia por dois anos, Paulo apelou a César e foi enviado para Roma como prisioneiro. Por mais dois anos, ele esteve sob prisão domiciliar, algemado a um soldado – um tempo difícil para o velho apóstolo (Filem. 9 e 10). Ele foi julgado perante Nero e absolvido, mas mais tarde foi preso novamente, confinado a um calabouço, e decapitado. Qual era o estado de espírito de Paulo quando escreveu esta carta? Leia sobre as bênçãos que ele especifica. Efés. 1:3-10 Em meio à perseguição e prestes a ser executado, Paulo ainda olha além das circunstâncias terrestres e contempla o reino celeste em Cristo. Deus predestina a todos que O aceitem. Paulo passou quase três anos em Éfeso e tinha uma íntima relação com os crentes daquela cidade. Ele começa sua carta para eles com uma oração de louvor e ação de graças. Quando o apóstolo contempla a fundação da igreja em Éfeso, duas imagens vêm à sua mente: 1a) a imagem da vida a partir da morte. Antes de Jesus, estávamos mortos nas nossas transgressões e pecados (Efé.2:1). Estávamos mortos (Efés.2:1-5). Mas, quando Jesus entra, existe nova vida, assentamo-nos com Ele (Efés.2:6). A morte é derrotada, o pecado é derrotado, e nos tornamos criação de Deus, realizada em Cristo Jesus para fazer boas obras (Efés.2:10). Uma visão da Igreja Paulo tinha uma compreensão não só das ricas bênçãos que Deus derramou sobre Seu povo (Efés.1:3-10) mas também de como o próprio povo de Deus foi ricamente abençoado. Quando ouviu falar de sua fé em Cristo e de seu amor mútuo, Paulo expressa exuberante gratidão pelos santos em Éfeso (vs.15 e 16). O conceito de Paulo sobre a Igreja é tão magnífico que precisamos de ajuda especial para compreende-lo. O que ele pede a Deus para fazer para nos ajudar a entender? (Efesios 1:17 e 18) 2a) a imagem de muros derrubados. Houve um tempo em que os gentios e judeus viviam em mundos separados. Os gentios eram “estrangeiros quanto às alianças da promessa”, sem esperança e sem Deus no mundo” (Efés.2:11 e 12). Entre os dois, filhos do mesmo Pai, surgiu um muro, erguido pelo orgulho, nutrido pelo preconceito e defendido pela ignorância religiosa. Então, entra Jesus. Seu sangue derruba o muro de hostilidade, e nEle emerge “dos dois um novo homem” (vs.15), com um único acesso ao Paie uma única cidadania na casa de Deus (Efés.2:11-15). O poder de Deus em Cristo O poder de Deus para trabalhar em nossa vida é tremendo e imensurável (Efés.1:19). A ressurreição de Cristo prova que, não importa o que façam, os seres humanos não podem impedir que o propósito de Deus seja cumprido. A que altura Deus elevou Jesus? Leia Efés.1:20 e 22. Que significado tem a exaltação de Jesus para a Igreja? (Efés.1:21-23). Deus deu Jesus, como cabeça sobre todas as coisas, para a igreja, que é seu corpo. Quando Cristo for exaltado, Seu corpo, a igreja também será exaltada. O poder de Deus em nós Quando um amigo lhe dá um presente, você não pergunta a essa pessoa quanto lhe deve. Mas, muitos cristãos, quando recebem o dom da salvação de Cristo, sentem ou crêem que ainda existe algo que devem fazer para obter esse presente. Paulo fala sobre a incomparável riqueza (Efés.2:7) da graça de Deus. Nada que façamos poderia igualar a esse dom. Devemos fazer com ele o que faríamos com qualquer presente- aceita-lo graciosamente, desfruta-lo totalmente e compartilha-lo alegremente pelo testemunho e por ações de bondade. Paulo conclui sua visão da igreja ideal com uma das orações mais sublimes da Bíblia. Depois de descrever a família de Deis (Efés.2:11-22), ele derrama seu coração, pedindo-Lhe que faça coisas extraordinárias por eles- Sua igreja. “Por esta razão, ajoelho-me diante do Pai” (3:14). Normalmente, a atitude judaica de oração era estar em pé com as mãos estendidas e a palma para cima (Marcos 11:25). Mas a oração de Paulo não é uma oração comum, casual, inspirada por um sentimento ou pensamento passageiro. Seu zelo pela igreja é tão atencioso e sincero que ele se ajoelha perante Deus em solene humildade e implora que Ele atenda seu pedido. Paulo prossegue em oração para que os efésios recebam poder por meio do Espírito Santo de Cristo. Porque razões Paulo quer que os efésios tenham esse poder? (3:17-19). Embora o poder de Deus esteja constantemente ativo em cada respiração e em cada batida do nosso coração, Paulo quer que o Espírito penetre ainda mais no “interior” de nossa mente. Então, seremos fortalecidos com poder. Para receber este poder, devemos primeiro estar arraigados e alicerçados baseados no amor (Efés.3:17). Segundo, devemos experimentar este poder com todos os santos. Não podemos compreender completamente isto sozinhos. Este dom vem para a igreja como um corpo. Leia a conclusão da oração de Paulo em Efésios 3:20 e 21. A oração de Paulo estimula a imaginação. É um campo para profunda e longa meditação. Note tudo o que Deus quer que tenhamos em nosso interior: Seu poder, Seu Espírito, Jesus, as quatro dimensões do amor de Jesus e a abundância de Deus. Depois da viagem de Paulo às alturas da glória da igreja ideal (Efés.1, 2 e 3), Paulo desce à igreja real no mundo inferior. Leia os capítulos 4, 5 e 6 para ver como a vida nos lugares celestiais se traduz para a vida neste mundo. As grandes orações de Paulo registradas na Epístola aos Efésios, nos ensinam que a igreja é o corpo de Cristo, uma parte de Seu ser, tendo parte em Seu sangue, respiração e vida. Ser parte de Cristo é o maior privilégio e honra que os seres humanos já receberam.